Ao buscar um tema para seu primeiro filme autoral, J.J. Abrams – que não vive sem referências – voltou à sua adolescência, quando, como muitos outros moleques dos anos 1980, foi saudado por uma safra de filmes que finalmente contemplava sua própria geração. Super 8 (2011) saúda tanto E.T. (1982), de Steven Spielberg, quanto Os Goonies (1985), de Richard Donner. Os três filmes celebram a rotina de uma turma de adolescentes na década de 80 (sim, Super 8 é um filme de época) e contam como nem mesmo incidentes extraordinários pode abalar a amizade de uma galera.
Antes dos anos 1980, os filmes falavam de crimes, romances, aventuras e dramas – mas todos do ponto de vista adulto. E os adultos não entendiam a nova década, do walkman, do videogame, do computador e do videocassete. Era o início da revolução digital – aquela que hoje é plena – e qualquer turma de moleques sabia que os adultos não tinham a menor ideia do que estava acontecendo. A minha turma, em Brasília, sabia. Outras turmas pelo mundo também. Não é à toa que estes filmes encontraram eco justamente em uma audiência que parecia seus protagonistas...
NEVER SAY DIE!
Mas se Super 8 e E.T. lidam com a ligação de um dos protagonistas com um alienígena, Os Goonies é uma aventura coletiva. E mesmo que sua adaptação para o livro seja narrada em primeira pessoa – do ponto de vista de Mikey Walsh, o personagem asmático vivido pelo ator Sean Astin –, sua história conta como personalidades tão diferentes quanto Bocão, Gordo, Dado, Brand e as meninas Andy e Stef podem conviver e se gostar, independentemente de sexo, raça ou idade. Baseado no roteiro original de Chris Columbus, o livro de James Kahn aprofunda ainda mais estas relações ao explorar melhor cada um dos personagens – inclusive os vilões Fratelli e seu filho-monstro Sloth – sem perder o ritmo de toboágua que dá o tom do filme.
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